O mau Mundial começou em setembro de 2012
Manter a equipa é um erro diferente de não perceber que não havia equipa há dois anos
Paulo Bento deu a primeira entrevista pós-apocalíptica. Levado pela compulsão que lhe conhecemos, teve o cuidado de não deixar que uma só gota de culpa salpicasse outra pessoa. Com essa abençoada atitude, cortou pela raiz a hipótese de entrarmos no pingue-pongue reles que se seguiu ao Mundial"2002 - irmão gémeo do Mundial"2014 - e cuja peçonha ainda hoje dura. O gesto só não será cem por cento benigno se, dentro de portas, a FPF não fizer o contrário, como lhe compete. Mas, dessa contabilidade de erros, ficou uma pergunta por adiantar ao selecionador: porquê separar o fiasco que foi o Brasil do fiasco que foi a qualificação, apesar do play-off? Porque é que o Mundial não foi um fracasso total e homogéneo, desde o empate com a Irlanda do Norte até à goleada de pólvora seca ao Gana? O que Paulo Bento diz sobre a importância de, com tão pouco tempo para trabalhar, ir mantendo uma estrutura e um núcleo de jogadores - ou seja, uma equipa - é irrebatível. O problema foi que os jogos com a Alemanha e, principalmente, com os Estados Unidos demonstraram para lá de toda a dúvida que ele não tinha uma equipa. Melhor: somados à fase de apuramento, demonstraram que já não tinha uma equipa há dois anos.
Nota: em 2002, os repórteres fotográficos viajavam no autocarro com as lentes fora das janelas para elas não embaciarem. Macau foi um caldo de quinze dias. Escangalhado o Mundial, a culpa foi da humidade e do calor no estágio. Agora foi da falta de humidade e de calor no estágio. Haja paciência.
Nota: em 2002, os repórteres fotográficos viajavam no autocarro com as lentes fora das janelas para elas não embaciarem. Macau foi um caldo de quinze dias. Escangalhado o Mundial, a culpa foi da humidade e do calor no estágio. Agora foi da falta de humidade e de calor no estágio. Haja paciência.
Texto retirado do jornal O JOGO, escrito por José Manuel Ribeiro
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