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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

História de um menino de «10 mil euros» que há dois anos estava no CNS e agora na seleção



Contos de fadas há em todas as áreas e com os conteúdos mais originais. Este pode não ser o mais inacreditável, mas é, por certo, dos mais bonitos que o futebol do novo século regista em Portugal. Arcos de Valdevez, onde um dos pontos a visitar é a Ponte sobre o Rio Vez, é o ponto de partida para este conto de uma ponte gigante no futebol: do Campeonato Nacional de Seniores às escolhas de Paulo Bento... em um ano.

Falamos de Pedro Tiba, médio que conta 26 anos e que só no verão de 2013 foi pescado por um clube de primeira. Em terras do Sado, José Mota ordenou a sua contratação, José Couceiro potenciou-o de forma a que o SC Braga não o perdesse, perante interesse de Benfica e Sporting. Com Sérgio Conceição, a ascenção não afrouxou. Pelo contrário, ao fim de três jogos oficiais está já na seleção portuguesa, na partida para o Euro 2016.

Mas tudo começou bem antes, no fim do verão de 1988. Nascia Pedro Miguel Amorim Pereira Silva em Arcos de Valdevez. Tiba só surgiu mais tarde, depois de ter tido uma queda quando era criança e de não conseguir dizer Silva corretamente. Dizia Tiba, e assim ficou. Contou esse pormenor numa entrevista a A Bola, a 2 de abril, na mesma em que disse ser Rui Costa o seu grande ídolo, pelo jogador e pelo exemplo de pessoa.

Formou-se nas camadas jovens do clube da terra e aí foi lançado nos séniores. Jorge Casquilha foi, em 2007/2008, o técnico que apostou no «miúdo um pouco envergonhado, humilde e que queria muito aprender». Em entrevista ao zerozero.pt, o treinador falou-nos de um «jogador de ouvir», dos que absorvia conhecimentos. Só durou meia época, pois rumou ao estrangeiro em janeiro.



«Ele tinha subido dos juniores, era o primeiro ano como sénior, mas fez uma série de jogos na primeira fase do campeonato, com boas prestações, acabando por ir para a Grécia, para um clube da segunda divisão [Kastoria]. Penso que foi por intermédio do senhor Manuel Barbosa, empresário que já faleceu. Ele tinha adquirido uma parte do Valdevez e tinha vários conhecimentos», contou, sobre uma experiência que não terá corrido bem, pois o jogador, na altura com 18 anos, sozinho em terras gregas, de língua estranha, ainda teve o azar de se lesionar.

Voltou para o Valdevez no verão seguinte e tornou à humildade. Ficou no clube mais época e meia e era «capitão aos 20 anos de uma equipa que faliu» e que lhe «ficou a dever 10 meses» de ordenados, como contou na referida entrevista a A Bola. Seguiu para o Valenciano e, nas duas épocas seguintes, para o Limianos. O tempo passava e a oportunidade nunca mais vinha, enquanto passeava pelos campos do terceiro escalão português. Até que, na última jornada da época, em abril de 2012, o Limianos recebeu o Tirsense, num jogo aparentemente para cumprir calendário. Vitória por 2x1, um golo de penálti e um fã conquistado.

«No último jogo com o Tirsense em 2012, em Ponte de Lima com o Limianos, gostei muito dele e disse-lhe logo que o queria no ano seguinte. A verdade é que fez uma época muito boa no Tirsense e teve muita gente a observá-lo e pedir-me informações sobre ele. O primeiro clube até foi o Paços de Ferreira, mas acabou por ir para Setúbal», as palavras são de Carlos Pinto, que o treinou em Santo Tirso e que também se juntou à conversa com o zerozero.pt.

«Chegou ao Tirsense vindo de um clube que só trabalhava à noite, a intensidade era totalmente diferente, mas ele tinha uma qualidade acima da média. Senti que o podíamos trabalhar e potenciar para chegar longe, vi que tinha claramente qualidade para chegar a uma Primeira Liga, mas confesso que não tanto como a seleção», continuou o agora treinador do Tondela.


Seleção, meta que até os treinadores surpreendeu

Aos 25 anos apareceu no futebol profissional em Portugal. Demorou dez jornadas a ser titular, mas nunca mais a largou. O progresso continuava a grande ritmo e o jogador até enganou as melhores perspetivas do anterior treinador.

«Não pensava que seria tão rápido, mas acreditava muito no valor dele. Aliás, eu dizia-lhe que ele era jogador de 10 mil euros e, no último telefonema que tivemos, ele disse-me que eu estava enganado, que já era de mais do que isso», revelou Carlos Pinto, que foi mais longe na demonstração do que é Pedro Tiba como pessoa.

«Mandei-lhe mensagem a dar os parabéns pela chamada à seleção, à qual ele respondeu: não estou satisfeito, quero jogar. Isso revela que ele é um jogador mentalmente muito forte», revelou ao zerozero.pt.



Portugueses podem esperar uma espécie de Moutinho

Ainda que já não seja uma cara estranha aos seguidores do futebol, Pedro Tiba ainda pode passar despercebido a algum adepto, pelo que pedimos a colaboração aos anteriores técnicos para descreverem o jogador convocado por Paulo Bento.

Com Casquilha, a compleição física não era a que é agora: «Comigo ele jogava ou a extremo direito ou a 10, pois era rápido, cruzava bem e também era um bom jogador para jogar entre linhas. Notei que evoluiu muito ao nível físico. É compacto, robusto, forte, deixou de ser franzino, está um jogador completo».

Na visão de Carlos Pinto, com quem trabalhou mais recentemente, são muitos os seus pontos fortes: «A intensidade que ele coloca no jogo, a inteligência, a dinâmica e a procura dos espaços, tem também capacidade de explosão e potência de remate». Perguntámos-lhe, pois, se terá argumentos para ser opção de Paulo Bento.

«Penso que o Pedro é muito parecido com o João Moutinho, tendo eu uma opinião, muito pessoal, de que ele tem mais intensidade que o João. E creio que é compatível com ele, porque o Pedro pode fazer as três posições do meio-campo, é muito versátil», concluiu.

Domingo, em Aveiro, frente à Albânia, poderá Pedro Tiba dar mais um passo nesta escalada de sucesso, que esteve muito tempo no anonimato, mas que chegou, pois houve oportunidade: «O Tiba agarrou a oportunidade com as duas mãos e mostrou ao país que só peca por tardia a sua chegada ao patamar mais alto».

No fim, uma certeza deixada pelos dois treinadores, amplos conhecedores dos escalões inferiores em Portugal: «Como o Pedro, existem vários jogadores no CNS à procura de uma oportunidade».



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