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quinta-feira, 3 de julho de 2014

Bento entre o algodão doce e a cabidela


Sabemos que o Paulo Bento teve as culpas todas, mas não sabemos quais. A Comunicar foi um desastre

Se Paulo Bento já se identificou como culpado de tudo o que deu errado neste Mundial, não vale a pena perder muito mais tempo, pelo menos enquanto o relatório que será feito, e cujas conclusões Fernando Gomes prometeu tornar públicas, não detalhar ao certo que culpas foram essas. Sabemos que foram todas, porque o selecionador o garantiu, mas não sabemos quais. Imaginamos que ele discordará das que lhes estão apontadas - da convocatória desequilibrada ao fraco aproveitamento dos jogos de preparação para testar com rigor a cristaleira em que se tornou este grupo; ou a falta de golpe de ás tático que se tornasse capaz de apresentar um plano B, por mais fraquinho que fosse, a disfarçar as dificuldades de Ronaldo. No fundo, que tivesse chegado em tempo útil à conclusão que chegou neste último jogo: fica-lhe bem não deixar cair os dele, os que ajudaram Portugal a chegar ao Brasil, mas ficou-lhe mal a casmurrice de insistir em erros pelo capricho de não ceder às evidências que todos - entendidos na matéria ou comuns mortais, como os jornalistas - identificaram à vista desarmada.



Ironicamente, de tanto querer defender um núcleo duro de rastos, acabou por ajudar a queimá-lo num lume brando e mais asfixiante do que o ar de Manaus: saímos do Brasil a olhar de lado para Rui Patrício, Bruno Alves, Pepe, Meireles, Miguel Veloso e até Moutinho, só para citar casos mais ou menos unânimes no onze. Dar o corpo ás balas é um bom princípio moral, mas, para a moral da história, interessa pouco. 

Enquanto não detalhar os tais erros que reconhece, podemos apontar-lhe um em que ele não duvidará da nossa legitimidade: a comunicar, Paulo Bento - e toda a FPF, já agora - foi um desastre. Ao dizer, como disse em jeito de decreto, que não deixará cair estes jogadores, que estes foram os mesmos que recolheram elogios em 2012 ( e bem, porque os mereceram; como agora merecem críticas...) significa que, no que toca a comunicar, o Mundial ainda não parece ter sido lição suficiente para o selecionador...

Texto retirado do jornal O JOGO, escrito por Hugo Sousa 

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