Bruno de Carvalho: «O Sporting não cede a chantagens»
O dirigente começou por falar sobre o castigo que lhe foi aplicado e, posteriormente, levantado.
«Infelizmente, é mais uma das coisas que têm de ser mudadas, os castigos acontecem. Mesmo retirados, não posso falar do clube, nem estar com a equipa. Não há nada a fazer. Fui brincando com a situação, para as pessoas perceberem o que se passou. A verdade é que não fiz nada e o castigo está cumprido. Temos de modernizar o futebol, para ser mais justo», afirmou Bruno de Carvalho, falando depois da pré-época dos leões.
«A pré-temporada foi muito boa. Queremos sempre ganhar mas, sobretudo, queremos ganhar uma equipa. É claro que que não gostei de todos os jogos mas temos uma equipa preparada para iniciar o campeonato no próximo sábado», destacou o líder verde e branco, pedindo aos adeptos para apoiarem a equipa em Coimbra.
«Temos que apoiar a nossa equipa. O grupo está motivado mas precisa do apoio. Peço que estejam como na época passada. É fundamental esta onda, esta união em todas as equipas. Que encham o estádio no jogo com a Académica. Estamos com muita vontade, independentemente de jogador A ou B, é para isto que existe uma direção. Acreditamos no grupo e em quem está connosco. O grupo tem de ter noção completa da nossa ambição de ser campeões e lutar pelas taças, assim como fazer a melhor Liga dos Campeões possível. Ainda há quase tudo por fazer.»
«Slimani e Rojo não jogam garantidamente no sábado e podem acabar a cumprir o contrato até ao fim»
Na conversa, Bruno de Carvalho deixou duros "ataques" a Marcos Rojo e Islam Slimani, dizendo que o emblema verde e branco «não cede a chantagen».«Há dois jogadores que não entenderam as mudanças do clube. Estão agora sob a alçada disciplinar do clube. A génese é conhecida. A ambos faltam cumprir três anos de contrato. Não conheço um jogador que tenha sido ameaçado para assinar. Todos temos expetativas, eu também tenho. Quando ficamos em sétimo, os jogadores não devolveram o dinheiro dos salários. Não cedemos a chantagem, nem pressões, nem de interesses de agentes e fundos. O Sporting não cede a atitudes que desrespeitem o grupo. Slimani não está na equipa B, está apenas sob alçada disciplinar do clube. Um fundo quer levar um jogador? Quando é que um fundo se pode intrometer na vida de um clube? Um clube oferece o triplo? Mas um clube não pode falar com um jogador antes de falar com o emblema onde está. Fizeram-no e o Sporting vai agir de acordo com isso. A minha preocupação é como se permite esta situação, com intervenção de fundos, assim como as propostas de ordenados, que é ilegal.»
«Ambos os jogadores acentuaram atos de indisciplina. Devo deixar um recado à navegação: todo o jogador que não siga as regras do clube, pode ter as ilusões, intromissões todas que a situação complica-se. Respeitem o clube, sejam profissionais. Os jogadores são pagos para treinar e jogar. A mim não me apetece trabalhar todos os dias mas tenho que o fazer. Por uma questão de defesa de grupo de trabalho que é magnífico, estes jogadores estão sob alçadas duras da direção»
acrescentou.
«Esses jogadores não podem jogar no sábado? Não jogam no próximo fim de semana. Pode demorar o tempo que for necessário. Se algo não mudar, acabará com os jogadores a cumprir os três anos de contrato. Se perceberem como devem ser, se os fundos deixarem de agir como bichos papões, os agentes deixaram de ser sonsos... A minha vontade é que cumpram o que está tratado e que cumpram o castigo imposto. Se quiserem podem ver o jogo pela televisão. Vamos jogar para ganhar e vamos ganhar. Não há jogador mais importante do que o clube, do que os sócios e do que o grupo de trabalho. Não troco a honra, história do clube, a honra dos sócios por atitudes de quem for», avisou o dirigente, que deixou ainda outro recado aos atletas.
«Não usem a imprensa, sejam profissionais. Não pode haver meras vontades, têm de ser profissionais. Se vamos pelo apetite, cada um trabalha quando quer. Estes dois, em defesa do grupo magnífico, têm de ser afastados. Estão sob alçada disciplina dura», referiu.
Ao longo da entrevista Bruno de Carvalho vincou o seu pensamento para o Sporting no que toca a todo tipo de pressões que não quer ser alvo.
«Estamos absolutamente preparados, porque estamos muito contentes com o plantel que temos. Mesmo com dois jogadores castigados, estamos preparados. A ver se existe alguma espécie de milagre, para ver se há possibilidade de fazer negócio. Um bom negócio à força não fazem comigo. Não tenho dois jogadores para gerir, tenho um clube a gerir. Tenho 400 jogadores para gerir. Não posso brincar nestas situações», assumiu.
Sobre reforços, Bruno de Carvalho afirmou que foram «escolhidos pela estrutura».
«A todos os momentos a nossa estrutura vai fazendo um acompanhamento de todos os jogadores que vamos analisando. Isto não é alterado pela entrada de um novo treinador ou de um novo presidente. Depois é preciso continuar o trabalho de continuidade. Houve contratações feitas antes da entrada do Marco Silva e outras depois. Vamos reforçando a equipa naquilo que a estrutura entende e o treinador faz parte dessa estrutura. No limite, sou eu que tem de dar o último ok.»
Bruno de Carvalho deixou ainda elogios para o treinador do Sporting.
«O Marco está a fazer uma gestão muito inteligente.»
«O caso do Dier é específico. A direção esteve sempre ao lado do Dier. Eu creio que o comunicado do Sporting foi claro. A realidade dos factos é que a direção teve que cumprir o que estava feito. Eu sei que daqui a dois ou três anos o Dier vai perceber que fez mal em dar a entrevista que deu. Podia sair mas era escusado dar a entrevista que deu. Há o Bruno adepto que podia dar um abraço ao Dier e há o Bruno presidente que não se esquece que o Dier apareceu na Academia para não treinar», lamentou o dirigente.
Bruno de Carvalho falou ainda sobre Ryan Gauld.
«Desde a compra, que há uma tentativa de fazer aí um problema. O Sporting tem de estar atento aos jovens valores, cá em Portugal e lá fora. Não podemos e não temos condições para contratar atletas feitos. Temos de escolher e não ter medo de os fazer. Na idade dele vejo exemplos, como o Paulo Futre. Não é a idade, mas sim o recrutamento. Ter um jogador como ele, seja na A ou B, é excelente. A ida dele ir para a B, é um ato normal, de gestão normal. Tínhamos muitas vezes, como na época passada, jogadores da A para a B. É para isto que existe um plantel que pode ser ajudado e complementado pela B. Houve um focalizar muito forte nessa situação, mas o Sporting sabe o que quer. Apenas queremos talento, trabalho e vontade de ganhar. Quem tiver mais jogará, seja da A ou da B», disse.
Na entrevista, Bruno de Carvalho falou também sobre o caso Shikabala, que está retido no Egito.
«Não sentimos necessidade de falar, porque é verdade que é preciso carimbo no passaporte. E vi que não havia. O jogador tinha de ficar lá. Não podia ser resolvido no momento. Se o carimbo devia lá estar ou não, estamos a apurar. Se for do ministro, tudo bem. Se não for, algo teremos de ver», afirmou.
O presidente do Sporting admite mexidas no plantel antes do fecho do mercado de transferências mas considera que o grupo atualmente à disposição de Marco Silva tem condições para lutar pelo campeonato.
«O plantel está a 99 por cento. Temos de encarar estas situações que estão a acontecer (Slimani e Rojo). Não são dramáticas, é a vida do futebol. Não podemos ficar reféns de nada mas temos de olhar para o mercado. (...) Gostava de dizer que sim mas o plantel não está fechado», disse em entrevista à Sporting TV, explicando que o clube vai reforçar-se «conforme as necessidades» da equipa.
O líder leonino considerou ainda que o plantel «tem mais soluções» do que tinha na época anterior, o que dá «boas dores de cabeça» ao treinador Marco Silva que está a fazer «uma gestão muito inteligente» do grupo.
A cinco dias do arranque do campeonato, Bruno de Carvalho deu conta das expectativas dos jogadores: «O grupo está com vontade dar de muitas alegrias aos adeptos do Sporting. Acreditamos no grupo e neste novos elementos que vieram trazer qualidade e alternativas. É preciso trabalhar e ter a noção que estamos a preparar-nos para o objetivo que é sermos campeões, e ainda lutarmos pelas duas Taças em Portugal e fazer melhor possível na Champions.»
Sobre a pré-época: «Foi muito boa, o grupo foi evoluindo. Não devíamos ficar entusiasmados com as vitórias nem preocupados com as derrotas. Queremos ganhar uma equipa e isso foi –se conseguido. A equipa está preparada e com garra para iniciar o campeonato.»
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