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sábado, 2 de agosto de 2014

Andrés Fernández: um budista na baliza do   FC Porto

Guarda-redes é um seguidor devoto desta filosofia/religião; os ídolos fora e dentro dos relvados; as noites negras em Barcelona e em Madrid


Se é dos que acha que um bom guarda-redes deve ter algo de louco, é provável que comece desde já a olhar de lado para Andrés Fernández.

O reforço do FC Porto não encaixa no estereótipo supracitado. Tudo na sua vida e nas suas palavras revela serenidade e equilíbrio.

Andrés Fernández é budista e encontra na religião a paz de espírito necessária para ser feliz. Em várias entrevistas falou abertamente sobre essa convicção inabalável.

O Maisfutebol recupera trechos dessas conversas, publicadas em março de 2012 e em janeiro de 2014, nos jornais AS e Notícias de Navarra, respetivamente.

«Era pequeno e notei que, no meu dia a dia, era feliz quando via que os outros também o eram (…). Cresci e descobri que o budismo conceptualizava as coisas que eu imaginava. A minha mãe e irmã tornaram-se budistas antes de mim, deram-me livros e conselhos».

«Filosofia ou religião? Depende do que cada um entende por religião (…). É fácil ver cristãos a fazer o que um cristão não deve fazer ou um muçulmano a não fazer nada o que indica o Islão. O budismo para mim é uma mescla entre religião e filosofia, e sobretudo uma forma de crescer por dentro. Um modo de conseguir tranquilidade para entender a tua própria situação pessoal».

«Com o budismo conheço-me mais e sou melhor guarda-redes. Somos nós que dominamos ou permitimos que as situações nos superem. Aplico isso na baliza. Permite-me conhecer, sem agressividade, mantendo a calma, sem entrar no jogo dos outros».

Não é surpreendente, por isso, que os ídolos de Andrés Fernández sejam personagens tão marcantes como Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Nelson Mandela ou o Dalai Lama.

No futebol, Andrés sempre admirou «Casillas e Molina», dois colegas de posição. E o auto-retrato é pintado da seguinte forma: «preocupo-me em sair bem da baliza, por fazer bem o golpe com os punhos, por subir bem. Sou muito auto-exigente».

Marcados na história nos relvados estão dois jogos infelizes. Andrés sofreu uma vez oito golos do Barcelona (17 de setembro de 2011) e pouco depois sete do Real Madrid (6 de novembro de 2011).

«Primeiro pensei que eu era muito mau. A frio, mais calmo, analisei e levantei-me. Ser goleado não significa que sejas mau. Foram noites de aprendizagem».


As calças faziam um balão na zona dos joelhos. Abrigavam-se atrás de uns calções XXL e de umas meias manchadas. Até as luvas, demasiado grandes para as mãos que as vestiam, não batiam certo com a cara de menino inocente.

«Tu queres mesmo ser portero?». À pergunta de José Garcia Moñino, Andrés Fernández respondia armado de uma insolência criada nas calles de Murcia: «Sempre fui. Por que havia de deixar de ser agora? Os mais velhos não me deixavam jogar à frente».

Andrés tinha, então, nove anos. Chegava determinado à escola de futebol de José Garcia, como se não houvesse nenhuma outra opção na vida. José Garcia é o pai de outro velho conhecido do futebol português: Javi Garcia, ex-médio do Benfica.

«Passaram a andar sempre juntos. Até aos 14 anos foram os melhores amigos. Primeiro na minha escolinha e depois na formação do Real Murcia», conta José Garcia Moñino ao Maisfutebol, pouco depois de ficar a saber da transferência de Andrés Fernández para o FC Porto.

«Fiquei muito feliz porque eu e o meu filho, o Javi, amamos Portugal. Melhor teria sido só se o Andrés tivesse ido para o Benfica», prossegue, entre risos, José Garcia.

«O FC Porto acertou em cheio ao escolher o Andrés»

A vida dá voltas e voltas, separa amigos, afoga-se em coincidências e sobram as boas histórias. Em plena adolescência, Javi Garcia rumou para Madrid e Andrés seguiu a família para Tenerife.

Terminaram os lanches no alpendre dos Garcia - «comiam pães atrás de pães, tinham o maior apetite do mundo» -, mas permaneceu a amizade entre as duas famílias.

«Jantávamos todos juntos. O Andrés é um rapaz de uma educação formidável, muito equilibrado. O pai dele ocupa um cargo de extrema importância no exército espanhol e isso contribuiu para a sua educação rigorosa. Hombre, nunca conheci ninguém que apertasse a mão com tanta força como o pai do Andrés».

Os dedos de Andrés sobreviveram e «entre os 13 e os 15 anos» teve «uma evolução fenomenal» na baliza.

«É um orgulho vê-lo agora no FC Porto. Ele e o meu filho Javi são os futebolistas mais credenciados que a minha escola de futebol criou. Pode escrever sem problemas o que eu lhe vou dizer: o FC Porto acertou em cheio».

«O Andrés aconselhou-se com o Javi sobre o FC Porto»

No dia 21 de outubro de 2007, Andrés Fernández estreou-se na I Liga espanhola. Aos 49 minutos, o titular da baliza do Osasuna, Elía, foi expulso e o menino Andrés foi lançado às feras em Almeria.

O primeiro abraço veio de… Javi Garcia. «A história deles é muito bonita. Nessa época o Real Madrid emprestou o Javi ao Osasuna e eles voltaram a ser colegas de equipa. Tenho aqui em casa fotos dessa noite», refere José Garcia Moñino.

«A massa de que são feitos, um e outro, é igual. Só acreditam na seriedade e no trabalho. Tenho a certeza de que o Andrés se informou com o Javi antes de assinar pelo FC Porto».

«Só é pena», volta a dizer José Garcia, «que não tenha sido pelo Benfica».

«Andrés Fernández é fenomenal»

Deixámos as estórias e concentramo-nos no valor objetivo de Andrés Fernández. Que análise faz o seu primeiro treinador? «É um guarda-redes fenomenal», sentencia José Garcia.

«Não digo isto para ser simpático. Nos últimos anos, o nome do Andrés andou sempre na órbita de Real Madrid, Barcelona e Atlético. Não tenho dúvidas: chegará à seleção muito em breve, se jogar regularmente no FC Porto».

José Garcia, pai de Javi, destaca «a agilidade e a confiança nas saídas aos cruzamentos», bem como «a facilidade em sair rapidamente da baliza». «É corajoso e joga facilmente com os pés, tem evoluído nesse aspeto».

«Vê-se que foi treinado por mim», finaliza, com mais uma gargalhada, o primeiro treinador de Andrés Fernández.

Números de Andrés Fernández:

. 2007/08: 1 jogo no Osasuna (I Liga espanhola)
. 2008/09: 33 jogos no Osasuna B
. 2009/10: 13 jogos no Osasuna B
. 2010/11: 33 jogos no Huesca (II Liga)
. 2011/12: 38 jogos no Osasuna (I Liga)
. 2012/13: 38 jogos no Osasuna (I Liga)
. 2013/14: 38 jogos no Osasuna (I Liga)  

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