Eusébio da Silva Ferreira, nascido a 25 de Janeiro de 1942, em Lourenço Marques (actual Maputo, Moçambique), foi o melhor jogador português de todos os tempos e um dos maiores avançados da história do futebol mundial.
Com efeito, Eusébio, que ficou mundialmente conhecido por "O Pantera Negra", foi um futebolista de craveira excepcional, tendo construído, ao longo de mais de 15 anos de uma carreira inigualável, um palmarés fabuloso, só ao alcance dos predestinados e dos jogadores fora de série.
Eusébio começou a jogar futebol no clube da sua cidade, no Sporting de Lourenço Marques, começando, desde logo, a dar nas vistas e a atrair as atenções de muita gente que acompanhava os jogos e as suas exibições. Não espantou, pois, que começasse a despertar o interesse e a cobiça dos grandes clubes da Metrópole e de Lisboa, designadamente, do Benfica e do Sporting.
Foi assim que Eusébio chegou a Portugal e a Lisboa, no final do ano de 1960, então prestes a completar 19 anos, para ingressar no Benfica, que ganhou a corrida pela sua contratação ao "velho rival da 2ª circular", decorria já a época de 1960/61. Eusébio acabaria por se inscrever, como jogador do Benfica, apenas em Maio de 1961, já com a época quase a terminar, mas ainda a tempo de se sagrar campeão nacional no seu 1º ano ao serviço do Benfica.
Na verdade, Eusébio estreou-se na 1ª Divisão, precisamente na última jornada do Campeonato Nacional daquela época, frente ao Belenenses, no Estádio do Restelo, tendo o Benfica vencido por 4-0, com Eusébio a marcar um dos golos, o primeiro de muitos que iria apontar com a camisola do Benfica.
No entanto, já antes Eusébio se havia estreado na equipa principal do Benfica, num jogo particular, disputado a 23 de Maio de 1961, no Estádio da Luz, frente ao Atlético, tendo o Benfica vencido por 4-2, com 3 golos da autoria de Eusébio.
A sua estreia internacional ocorreu pouco tempo depois, a 13 de Junho, no Torneio de Paris, num jogo contra o Anderlecht (Bélgica), no qual Eusébio marcou um golo, na vitória do Benfica por 3-2. Na jogo da final do torneio, 2 dias mais tarde, o Benfica defrontou a poderosa equipa brasileira do Santos de Pelé, tendo Eusébio marcado 3 golos e realizado uma grande exibição, entrando apenas na 2ª parte, não conseguindo, porém, impedir a derrota do Benfica por 6-3.
Devido ao facto de só se ter inscrito, como jogador do Benfica, praticamente no final da época de 1960/61, Eusébio já não foi a tempo de disputar a final da Taça dos Campeões Europeus, na qual o Benfica derrotou o Barcelona por 3-2. No entanto, na época seguinte, o Benfica voltava a estar presente na final da mais importante competição europeia de clubes, e desta vez, Eusébio já fazia parte da equipa que venceria, de forma sensacional, o Real Madrid, por 5-3, com 2 golos da sua autoria, mais concretamente, o 4º e 5º golos do Benfica. Com apenas 20 anos, Eusébio conquistava o seu 1º grande título a nível de clubes, numa altura em que começava a despontar como a principal figura da equipa encarnada, estatuto esse que se viria a confirmar nos anos seguintes, ao ponto de se ter afirmado, definitivamente, como um dos melhores jogadores da Europa e do Mundo do seu tempo.
Eusébio viria a estar presente em mais 3 finais da Taça dos Campeões Europeus, ao serviço do Benfica, mas seria derrotado em todas elas: em 1962/63, frente ao AC Milão, por 2-1, apontando o golo solitário do Benfica; em 1964/65, frente ao Inter de Milão, por 1-0; em 1967/68, frente ao Manchester United, por 4-1 (após prolongamento, com 1-1 no final dos 90 minutos).
Em termos individuais, Eusébio conquistou a "Bota de Ouro" (troféu destinado ao melhor marcador dos campeonatos europeus) por duas vezes, em 1967/68 (com 42 golos) e 1972/73 (com 40 golos), a "Bola de Ouro" (troféu que consagra o melhor jogador da Europa), em 1965 e a "Bola de Prata", por duas vezes, em 1962 e 1966. Jogou, em 9 ocasiões, em selecções europeias e mundiais (4 vezes pela Selecção da FIFA e 5 vezes pela Selecção da UEFA), tendo marcado um total de 10 golos. Recentemente, foi eleito e considerado, pela FIFA, um dos 10 melhores jogadores do Mundo de todos os tempos e, pela UEFA, o 7º melhor jogador europeu de sempre.
A nível interno, ao serviço do Benfica, Eusébio foi, por 11 vezes, Campeão Nacional (1960/61, 1962/63, 1963/64, 1964/65, 1966/67, 1967/68, 1968/69, 1970/71, 1971/72, 1972/73 e 1974/75), sendo, ainda hoje, recordista, a nível nacional, de campeonatos nacionais ganhos. Venceu ainda, por 5 vezes, a Taça de Portugal (1961/62, 1963/64, 1968/69, 1969/70 e 1971/72).
Eusébio sagrou-se, por 7 vezes (5 delas consecutivas), o melhor marcador do Campeonato Nacional: em 1963/64 (28 golos); em 1964/65 (28 golos); em 1965/66 (25 golos); em 1966/67 (31 golos); em 1967/68 (42 golos); em 1969/70 (20 golos); em 1972/73 (40 golos). As 7 "Bolas de Prata" conquistadas constituem, ainda hoje, recorde a nível nacional.
Eusébio jogou no Benfica durante 15 épocas, mais concretamente, entre 1960/61 e 1974/75, ao longo das quais realizou 715 jogos de "águia ao peito", tendo marcado um total de 727 golos (média superior a um golo por jogo!), marca esta que constitui, igualmente, recorde a nível nacional. Contando, ainda, com os golos obtidos no estrangeiro (EUA, México e Canadá), Eusébio contabiliza um total de 757 golos apontados, entre 1961 e 1978.
No que diz respeito ao Campeonato Nacional, Eusébio efectuou, ao serviço do Benfica, 301 jogos, tendo marcado 317 golos. Depois de sair do Benfica, Eusébio jogou ainda em Portugal, no Beira-Mar, durante parte da época de 1976/77, tendo realizado 12 partidas e apontado 3 golos. A terminar a carreira, Eusébio jogou ainda no União de Tomar (da 2ª Divisão Nacional), durante parte da época de 1977/78, tendo marcado 3 golos.
Com 320 golos marcados no Campeonato Nacional (317 pelo Benfica e 3 pelo Beira-Mar), Eusébio é o 2º maior goleador português de todos os tempos naquela competição, atrás de Peyroteo (Sporting) que marcou 331 golos no campeonato. Ainda relativamente ao Campeonato Nacional, e em termos de média de golos marcados por jogo, Eusébio com uma excelente média de 1,02 golos por jogo (320 golos em 313 jogos), só é ultrapassado, neste particular, novamente por Peyroteo, que possui a extraordinária média de 1,68 golos (!) por jogo.
No que diz respeito a jogos a contar para a Taça de Portugal, Eusébio detém o recorde de golos marcados nesta competição, que é de 97 golos. A contar para as Competições Europeias de clubes, Eusébio efectuou, ao serviço do clube encarnado, 75 jogos, tendo marcado um total de 57 golos. Neste particular, Eusébio foi, durante muitos anos, o 2º melhor marcador de sempre das Competições Europeias, apenas atrás do alemão Gerd Muller, que marcou 67 golos, mais 10 que Eusébio. Também chegou a ser, durante muito tempo, o 2º melhor marcador da Taça dos Campeões Europeus, com 46 golos apontados, atrás do argentino Alfredo Di Stefano, que obteve 49 golos, apenas mais 3 que Eusébio.
Ao serviço da Selecção Nacional, que representou durante 12 anos, Eusébio totalizou 64 internacionalizações, tendo marcado 41 golos (2º goleador de sempre da Selecção, atrás de Pauleta) e sido capitão em 16 jogos. A sua estreia na Selecção A ocorreu a 8 de Outubro de 1961, no Luxemburgo, num jogo em que Portugal foi derrotado pela Selecção da casa por 4-2. A sua despedida da "equipa das quinas" aconteceu a 13 de Outubro de 1973, no Estádio da Luz, tendo Portugal empatado (2-2) com a Bulgária.
O momento mais alto vivido por Eusébio ao serviço da Selecção Nacional foi durante o Campeonato do Mundo de Futebol, realizado em Inglaterra, em 1966, no qual Portugal conquistou um brilhante 3º lugar e Eusébio sagrou-se o melhor marcador da competição, com 9 golos, 4 dos quais obtidos num só jogo, frente à Coreia do Norte, no qual Portugal após estar a perder por 3-0, fez uma reviravolta sensacional, vencendo por 5-3.
Eusébio foi considerado um dos melhores jogadores do Campeonato do Mundo, apenas suplantado por Bobby Charlton (Campeão do Mundo pela Inglaterra e "carrasco" de Portugal, nas meias-finais, com 2 golos apontados e uma grande exibição).
Com efeito, Eusébio foi a grande figura da Selecção Nacional, conduzindo-a rumo ao grande objectivo que era a chegada à final da competição e, quiçá, à vitória. No entanto, no caminho, até então 100% vitorioso da "equipa de todos nós", atravessou-se a Selecção da casa, a Inglaterra, que com o apoio do seu público, jogando no seu "estádio-talismã" (em Wembley) e com um Bobby Charlton inspirado, venceu Portugal por 2-1.
Eusébio e a Selecção conquistaram, ainda, o 2º lugar na Minicopa do Brasil, em 1972, torneio disputado entre selecções da América do Sul e Portugal, para comemorar os 150 anos da Independência do Brasil (1822). No jogo que iria decidir o vencedor do torneio, Portugal seria derrotado pelo Brasil, por 1-0, após uma excelente campanha realizada.
A 18 de Junho de 1975, e após 15 anos de "águia ao peito", Eusébio, então com 33 anos, vestia pela 715ª vez e última a camisola encarnada, com a qual rubricou 727 golos.
No período de tempo que mediou, entre a sua saída do Benfica e o encerramento da carreira, Eusébio jogou, por diversas vezes no estrangeiro, nomeadamente, no México, no Canadá e, mais do que uma vez, nos Estados Unidos.
Apesar das muitas conquistas, vitórias, glórias e alegrias alcançadas e vividas ao longo de uma carreira fantástica e invejável, recheada dos maiores êxitos e sucessos, Eusébio também passou por momentos delicados e até dramáticos, de grande sofrimento, uma vez que, ao longo de mais de 15 anos ao mais alto nível, sofreu várias lesões graves, destacando-se as 7 intervenções cirúrgicas aos joelhos (6 ao joelho esquerdo e uma ao joelho direito).
Para a história do futebol mundial e do futebol português, em particular, fica a lenda e o mito chamado Eusébio, o melhor jogador português de todos os tempos e um dos melhores do Mundo, a quem um dia Salazar classificou como "Património do Estado", proibindo, na altura, a sua saída para fora de Portugal, a fim de representar qualquer clube estrangeiro, dos muitos que, durante os anos 60, o cobiçavam e pretendiam contratar por verbas astronómicas para aquela época. A todos eles, Eusébio disse não, em nome de Portugal e por amor ao Benfica.
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