Sporting-Arouca, 1-0 (crónica)
Uma casa feliz faz-se de muitos filhos
Na noite do regresso do filho pródigo, o Sporting foi da depressão à euforia pelos pés de outro filho: menos pródigo, provavelmente, mas tão filho de Alvalade como os outros.
Carlos Mané, claro.
Não deixa de ser curioso que assim seja, aliás: o que é um elogio à formação do clube, no fundo. Uma casa feliz faz-se de muitos filhos e o Sporting está cheio deles.
Houve uma altura esta noite, aliás, que teve sete jogadores da formação no relvado. Sintomático.
Carlos Mané, de resto, entrou para mudar o jogo do Sporting: não foi só o golo da vitória, foi tudo. Depois de uma primeira parte pobre, que no fim de contas destacou apenas dois remates, Marco Silva trocou Rosell por Carlos Mané e mudou a tática para um 4x2x3x1 que virou o jogo do avesso.
Carlos Mané trouxe irreverência e velocidade. Agitou o jogo. Nani passou da esquerda para a direita do ataque, Carrillo fez o percurso inverso e o Sporting ganhou dinâmica.
Com uma linha de três fantasistas no apoio a Montero, empolgou as bancadas.
Era um Sporting novo que já ameçava chegar ao golo quando se vestiu de velho e desperdiçou uma oportunidade soberana num daqueles momentos que lembra outros tempos: tempos antigos.
Mas por partes.
Convém antes de mais esclarecer que o relógio já tinha ultrapassado a hora de jogo quando Balliu tocou a bola com a mão dentro da área. Grande penalidade clara que fez respirar de alívio Alvalade.
Afinal de contas, é bom lembrar, Adrien Silva converteu sete penálties em sete tentativas na última época. O médio é, enfim, um certificado de confiança da marca de onze metros.
Mas nessa altura, quando Adrien já estava perto da bola, Nani pediu-lhe o favor de o deixar marcar: o colega não pareceu contente, claro, mas entregou-lhe a bola.
Da marca de onze metros, Nani falhou.
Partiu para a bola temeroso e permitiu que Goicoechea ameaçasse ser herói com uma defesa notável. Nessa altura foi impossível não lembrar o Sporting de outros tempos. Quando, por exemplo, Bojinov tirou a bola da mão de Matías Fernández para também falhar um penálti.
É claro que são casos diferentes, desta vez não houve confusão. Mas houve uma alteração da ordem estabelecida, e pior do que isso uma alteração da ordem estabelecida que correu mal.
Nani nunca virou a cara à luta, fartou-se de trabalhar e de insistir, mas pagou a vontade extrema de celebrar o regresso a Alvalade com uma corrida de braços abertos em direção aos adeptos: aos mesmos adeptos que tanto o aplaudiram, até no momento em que foi substituído.
O extremo foi no fundo traído pela ansiedade. O que é o sumário da exibição do Sporting.
Na estreia em Alvalade, frente a um adversário claramente de outro campeonato, que por acaso até registou a feliz coincidência de combinar com o regresso de Nani a casa, os jogadores do Sporting tentaram capitalizar o entusiasmo das bancadas com uma noite de gala.
Por isso foram duros na procura da bola, intensos na pressão, dominadores do primeiro ao último minuto. Insistiram, insistiram e insistiram. É claro que nem sempre o fizeram bem, mas insistiram ainda outra vez. Mesmo depois de Nani desperdiçar o penálti, continuaram ainda a insistir.
Montero obrigou Goicoechea a duas grandes defesas, Capel falhou na cara do guarda-redes e Carlos Mané viu Balliu tirar uma bola muito perto da linha de baliza.
O Sporting fazia portanto tudo para marcar, mas parecia acusar a pressão e, durante o processo, havia sempre alguma coisa que falhava. Até porque o Arouca pouco mais fez do que defender.
Até que, já em tempo de compensações, Carlos Mané aproveitou uma bola de Tanaka à barra para fazer justiça no resultado. Fazendo Alvalade rebentar numa festa louco.
Foi a primeira vitória ao fim de seis jogos, depois de cinco encontros sem ganhar, que permitiu a Nani celebrar o regresso com um triunfo: antes do dérbi do Estádio da Luz. É verdade que a noite do filho pródigo não foi perfeita, mas feliz casa que tem tantos filhos...
Carlos Mané, claro.
Não deixa de ser curioso que assim seja, aliás: o que é um elogio à formação do clube, no fundo. Uma casa feliz faz-se de muitos filhos e o Sporting está cheio deles.
Houve uma altura esta noite, aliás, que teve sete jogadores da formação no relvado. Sintomático.
Carlos Mané, de resto, entrou para mudar o jogo do Sporting: não foi só o golo da vitória, foi tudo. Depois de uma primeira parte pobre, que no fim de contas destacou apenas dois remates, Marco Silva trocou Rosell por Carlos Mané e mudou a tática para um 4x2x3x1 que virou o jogo do avesso.
Carlos Mané trouxe irreverência e velocidade. Agitou o jogo. Nani passou da esquerda para a direita do ataque, Carrillo fez o percurso inverso e o Sporting ganhou dinâmica.
Com uma linha de três fantasistas no apoio a Montero, empolgou as bancadas.
Era um Sporting novo que já ameçava chegar ao golo quando se vestiu de velho e desperdiçou uma oportunidade soberana num daqueles momentos que lembra outros tempos: tempos antigos.
Mas por partes.
Convém antes de mais esclarecer que o relógio já tinha ultrapassado a hora de jogo quando Balliu tocou a bola com a mão dentro da área. Grande penalidade clara que fez respirar de alívio Alvalade.
Afinal de contas, é bom lembrar, Adrien Silva converteu sete penálties em sete tentativas na última época. O médio é, enfim, um certificado de confiança da marca de onze metros.
Mas nessa altura, quando Adrien já estava perto da bola, Nani pediu-lhe o favor de o deixar marcar: o colega não pareceu contente, claro, mas entregou-lhe a bola.
Da marca de onze metros, Nani falhou.
Partiu para a bola temeroso e permitiu que Goicoechea ameaçasse ser herói com uma defesa notável. Nessa altura foi impossível não lembrar o Sporting de outros tempos. Quando, por exemplo, Bojinov tirou a bola da mão de Matías Fernández para também falhar um penálti.
É claro que são casos diferentes, desta vez não houve confusão. Mas houve uma alteração da ordem estabelecida, e pior do que isso uma alteração da ordem estabelecida que correu mal.
Nani nunca virou a cara à luta, fartou-se de trabalhar e de insistir, mas pagou a vontade extrema de celebrar o regresso a Alvalade com uma corrida de braços abertos em direção aos adeptos: aos mesmos adeptos que tanto o aplaudiram, até no momento em que foi substituído.
O extremo foi no fundo traído pela ansiedade. O que é o sumário da exibição do Sporting.
Na estreia em Alvalade, frente a um adversário claramente de outro campeonato, que por acaso até registou a feliz coincidência de combinar com o regresso de Nani a casa, os jogadores do Sporting tentaram capitalizar o entusiasmo das bancadas com uma noite de gala.
Por isso foram duros na procura da bola, intensos na pressão, dominadores do primeiro ao último minuto. Insistiram, insistiram e insistiram. É claro que nem sempre o fizeram bem, mas insistiram ainda outra vez. Mesmo depois de Nani desperdiçar o penálti, continuaram ainda a insistir.
Montero obrigou Goicoechea a duas grandes defesas, Capel falhou na cara do guarda-redes e Carlos Mané viu Balliu tirar uma bola muito perto da linha de baliza.
O Sporting fazia portanto tudo para marcar, mas parecia acusar a pressão e, durante o processo, havia sempre alguma coisa que falhava. Até porque o Arouca pouco mais fez do que defender.
Até que, já em tempo de compensações, Carlos Mané aproveitou uma bola de Tanaka à barra para fazer justiça no resultado. Fazendo Alvalade rebentar numa festa louco.
Foi a primeira vitória ao fim de seis jogos, depois de cinco encontros sem ganhar, que permitiu a Nani celebrar o regresso com um triunfo: antes do dérbi do Estádio da Luz. É verdade que a noite do filho pródigo não foi perfeita, mas feliz casa que tem tantos filhos...
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